No coração do Semiárido Cearense
se aprende a conviver com a seca, a achar alternativas no meio das
dificuldades. Uma das comunidades
tradicionais que está levando para frente um importante processo de resgate é a
pesqueira, especialmente as mulheres pescadoras de açudes que estão entre as
mais invisibilizadas. Em 12 municípios
dos sertões de Crateús e Inhamuns, elas são as protagonistas das oficinas de
habilidades e alternativas econômicas promovidas pelo projeto “Pescadoras e
Pescadores, Construindo o Bem Viver” realizado pela Cáritas Diocesana de
Crateús, Conselho Pastoral dos Pescadores Regional Ceará e a organização
italiana CISV (Comunitá, Impegno,
Servizio, Volontariato), e cofinanciado pela União Europeia e Conferenza
Episcopale Italiana.
Através dessas atividades, as
beneficiárias adquirem novos conhecimentos para a produção de bens que elas
comercializam com o objetivo de melhorar a sua renda e de suas famílias. O
território onde são desenvolvidas as oficinas está sofrendo a pior seca dos
últimos 50 anos, que está afetando enormemente a atividade da pesca artesanal;
além dos problemas climáticos, o abandono das instituições e a falta de
políticas públicas vem desenhando um contexto hostil para o exercício da profissão,
sobretudo para as pescadoras. Em um território caracterizado por altos níveis
de pobreza, analfabetismo e violência de gênero, o papel da mulher pescadora é
ainda muito subestimado; a sociedade não reconhece que uma mulher possa pescar
e ainda menos que ela possa receber uma remuneração pelo trabalho
realizado.
Através dessas atividades, as
beneficiárias adquirem novos conhecimentos para a produção de bens que elas
comercializam com o objetivo de melhorar a sua renda e de suas famílias. O
território onde são desenvolvidas as oficinas está sofrendo a pior seca dos
últimos 50 anos, que está afetando enormemente a atividade da pesca artesanal;
além dos problemas climáticos, o abandono das instituições e a falta de
políticas públicas vem desenhando um contexto hostil para o exercício da profissão,
sobretudo para as pescadoras. Em um território caracterizado por altos níveis
de pobreza, analfabetismo e violência de gênero, o papel da mulher pescadora é
ainda muito subestimado; a sociedade não reconhece que uma mulher possa pescar
e ainda menos que ela possa receber uma remuneração pelo trabalho
realizado.
“Ainda encontramos bastantes
dificuldades e preconceitos em relação a nossa profissão, não somos respeitadas
como deveríamos. Graças ao projeto no qual fazemos parte, hoje as mulheres pescadoras
são mais unidas e estão conquistando os deveres e direitos delas. A equipe nos ajudou no fortalecimento da
nossa autoestima e no nosso autoconhecimento como pescadoras. Agora sabemos
nosso papel de trabalhadoras, compreendemos que a gente não é só ajudante dos
esposos, pelo contrário somos parceiras deles já que todas as ações que eles
fazem, nós também fazemos”, disse Joelma Ferreira, pescadora de Independência,
beneficiária do projeto e orientadora da atividade de habilidades e
alternativas econômicas.
Nesse contexto de invisibilidade
e submissão as mulheres pescadoras têm baixa autoestima e quase sempre são
financeiramente dependentes dos maridos, retardando assim o processo de auto
reconhecimento que elas estão empreendendo com a ajuda do projeto. O
empoderamento feminino passa também pela questão da independência financeira,
por isso, o projeto acredita fortemente que mediante a aprendizagem de novas
técnicas as pescadoras podem alcançá-la.
Trufas, pão caseiro, sabonete
artesanal, são só alguns dos produtos que podem ajudar as pescadoras a adotar
um novo estilo de vida onde elas também são protagonistas do bem estar das
famílias, são empoderadas e a estarem prontas para enfrentar seja os
imprevistos e os prejuízos causados por falta de água e de peixe ou os duros
meses da piracema, período entre fevereiro e abril no qual a pesca é proibida
para garantir a reprodução das espécies.
“Eu pesco com meu esposo e depois
mediante a transformação daquele peixe preparo outros produtos derivados dele,
como a linguiça de peixe, as bolinhas, os hamburguês de peixe. Também cozinho e
comercializo trufas caseiras e eu estou passando meus conhecimentos para outras
mulheres assim elas também poderão melhorar a renda e quebrar os preconceitos
que a sociedade ainda tem sobre o papel da mulher pescadora”, argumentou ainda
Joelma.
Um dos resultados mais interessantes
é a troca de conhecimentos entre as mesmas pescadoras, a criação de um espaço
feminino onde não tem especialistas que ensinam, mas, onde o aprendizado
acontece de forma coletiva. Juntas vão tentar desconstruir a conexão
historicamente feita entre o trabalho pesqueiro e a imagem de um homem, ainda
muito presente no imaginário brasileiro.
“Já trabalhei com pescadores no
passado, não me surpreendia que eles tinham a tendência de chamar as pescadoras
de ajudantes e elas mesmas não se reconheciam como tal. Isso faz que nesse
contexto, ainda hoje, seja muito difusa a ideia que elas dependam economicamente
dos maridos, mas analisando bem a questão é que todas as atividades que elas
desenvolvem contribuem para a renda familiar mas não são reconhecidas. Esse
fato possibilita uma opressão continua porque elas acham que são incapazes de
se sustentarem e só no momento que elas se capacitam entendem que podem ser
independentes, quebrando uma espiral de violência que não é só física. Aprender
a fazer trufas, detergentes, pode parecer algo pequeno, mas serve para elas
perceberem que sozinhas podem movimentar dinheiro, e no universo pesqueiro
dominado por homens, o aumento do poder econômico é simbolicamente muito forte”
afirmou Aldenizia Maia, especialista em gênero do Esplar.
As pescadoras do semiárido estão
ganhando um espaço, e juntas demonstrarão para a sociedade que tudo aquilo que os homens fazem
na pesca elas podem fazer também, e colocando em prática os conhecimentos
adquiridos ganharão a força de continuar
seus processos de empoderamento social e econômico.
O projeto “Pescadoras e
Pescadores, Construindo o Bem Viver” realizado pela Cáritas Diocesana de
Crateús, Conselho Pastoral dos Pescadores Regional Ceará e a organização
italiana CISV (Comunitá, Impegno,
Servizio, Volontariato), e cofinanciado pela União Europeia e Conferenza
Episcopale Italiana, acompanha os pescadores e as pescadoras num processo de
reafirmação e valorização da identidade, já que muitas vezes eles e elas são
impossibilitados e impossibilitadas de reivindicar seus direitos por falta de
informação e porque estão excluídos e excluídas dos espaços de representação.
Por Angelica Tomassini, Lorenza
Strano e Leidimaria Araújo
Contatos:
Lorenza Strano, Assessora de
comunicação
Whatsapp: +393803667835
Tel: (85)991492428
Facebook: Cáritas de Crateús
Este projeto é co-financiado pela
União Europeia.

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