Conselheiro em disponibilidade do TCE, Domingos Filho aguarda decisão
da Justiça.
Parecer do Ministério Público do
Estado (MPCE) considerou improcedente ação declaratória com pedido de tutela
antecipada impetrada pelo conselheiro em disponibilidade do Tribunal de Contas
do Estado (TCE), Domingos Filho.
Membro do extinto Tribunal de
Contas dos Municípios (TCM), o ex-deputado ingressou com pedido na Justiça para
se desvincular das restrições impostas a membros do TCE, como, por exemplo, o
impedimento de candidatura a cargos eletivos.
No último pleito, Filho chegou a
se candidatar a cargo de deputado estadual, mas teve seu nome indeferido
posteriormente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE). O conselheiro
recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cuja decisão, concluída um mês
após as eleições, lhe garantiu a elegibilidade.
Assinado pelo promotor Tibério
Lima Carneiro, da 58ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, o parecer registra,
no entanto, que Filho, mesmo inativo, não pode se desincumbir das obrigações
dos conselheiros do tribunal.
"Somos do entendimento que o
instituto da disponibilidade constitui-se em direito/obrigação do qual o
beneficiário pode se desvencilhar, bastando para tanto que renuncie ao
cargo", registra a decisão do promotor.
"Por esta razão não nos
parece justo e razoável que o autor, que continua mantendo vínculo jurídico com
a Administração Pública, tenha afastados os impedimentos e vedações do regime
jurídico a que está submetido."
A ação movida pelo conselheiro
está sob análise de juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza, que
acionou o MPCE para que se posicionasse nesse caso. O processo agora aguarda
julgamento, ainda sem data.
"Preciso que isso seja
resolvido", diz Filho ao O POVO. "É uma questão de cidadania. Quero
saber se eu tenho ou não tenho direito de desempenhar as atividades comuns de
cidadania sem os impedimentos que os conselheiros têm."
Questionado se pretende recorrer
caso a decisão do juiz lhe seja desfavorável, o conselheiro respondeu que é
"claro que vou recorrer, até porque tenho decisão que me permite disputar
(refere-se ao TSE)". Em seguida, diz esperar que haja mais celeridade
nesse julgamento.
"Eu quero participar da vida
social, por exemplo, sendo dirigente de um clube recreativo, mas não posso. Eu
quero advogar, mas não posso", acrescenta o ex-deputado.
"Ou o tribunal me chama pra
titularidade ou me libera. Senão vou ficar como naquela música do Raul Seixas:
'Dentro do apartamento com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a
morte chegar."
Além de Filho, outros quatro
conselheiros egressos do TCM estão em situação semelhante: Francisco Aguiar,
Manoel Veras, Marcelo Feitosa e Pedro Ângelo.
O tribunal foi extinto em 2017,
após briga política entre o grupo de Domingos Filho, à época na oposição ao
governador Camilo Santana (PT), e o então ex-presidente da Assembleia
Legislativa do Estado, Zezinho Albuquerque (PDT).
POR HENRIQUE ARAÚJO – JORNAL O POVO.
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